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Vacinas Contra a Dengue. Entenda Tudo!

Vacinas Contra a Dengue. Entenda Tudo!

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Apesar de em fevereiro de 2025, o Brasil registrar uma redução de 65% nos casos de dengue em relação ao mesmo período de 2024. O presidente do Instituto Butantã, dr. Esper Kallás, afirmou que 2025 será um ano difícil para o Brasil devido aumento de casos de dengue.

Diante disso, a nossa missão hoje é falar sobre algo que realmente pode te proteger: as vacinas.

Qual vacina da dengue escolher entre as disponíveis: Dengvaxia, Qdenga, ou é melhor esperar a nova vacina do Butantã?

Qual é a diferença entre elas, quem pode tomar e quais as indicações e contraindicações de cada uma?

Vamos começar pela Dengvaxia, a vacina da dengue que está há mais tempo no mercado e que tem até uma polêmica envolvida. Será que a Dengvaxia é segura?

Quem já tomou ela precisa se preocupar com a dengue? A Degvaxia é a vacina da farmacêutica Sanofi.

Foi a primeira vacina da dengue aprovada no mundo e chegou no Brasil em 2015.

A Dengvaxia conseguiu algo inédito, que foi gerar imunidade contra os 4 diferentes vírus da dengue ao mesmo tempo, usando uma tecnologia muito comum em outras vacinas.

Dentro da vacina tem 4 vírus da febre amarela que foram enfraquecidos em laboratório para não causar doença. É o que se chama de vírus atenuado.

Dentro de cada um tem o material genético de um vírus da dengue diferente, assim ela estimula uma imunidade contra os 4 sorotipos da dengue que existem.

E depois de 3 doses com intervalos de 6 meses entre uma e outra, a Dengvaxia diminui em 73% o risco do infectado por qualquer vírus da dengue ter sintomas, e em mais de 80% o risco de ir parar no hospital. Essa foi a eficácia dela. Bom demais né!?

Só que em 2017, quando ela já estava no mercado, saíram resultados de estudos que acompanharam pacientes vacinados por até 6 anos depois de tomar a vacina. E o que os pesquisadores viram foi que tinha mais gente com dengue grave no grupo dos vacinados do que no grupo dos não vacinados; O contrário do que se esperava.

A vacina deu errado, então? Calma…

Na verdade, foi um efeito colateral inesperado que apareceu em quem vacinou sem nunca ter tido dengue antes.

Na Dengvaxia, em 4 a cada mil pessoas, ao invés de montar uma imunidade que prepara o organismo para combater o vírus, a vacina fez o contrário. Ela agiu como a própria dengue faz na vida real, aumentando o risco de dengue grave depois do primeiro contato com o vírus.

Provavelmente você já se perguntou porque que a dengue causa uma dengue mais grave da segunda vez, né?

Isso aconteceu porque como os vírus da dengue na verdade são 4 sorotipos, quando você pega uma vez, você se protege bem só contra aquele tipo que você pegou. Você até produz anticorpos contra os 4 tipos, mas eles não são bons em neutralizar os outros tipos que você não pegou ainda.

Em uma nova infecção por um tipo novo que seu corpo nunca teve contato, quando esses anticorpos se ligam ao vírus, eles na verdade, mantêm o vírus ativo e não neutralizam ele.

E quando as células do sistema imune, atraídas por esses anticorpos ligados ao vírus, chegam perto, o vírus da dengue infecta essas células e a infecção evolui muito mais rápido.

Isso acontece com quem pega dengue 2 vezes, mas também aconteceu com quem tomou a dengvaxia sem nunca ter tido dengue antes, nesse caso teve um risco maior de ter dengue grave. Os anticorpos que a vacina produziu em quem nunca teve dengue estavam facilitando o trabalho do vírus.

Diante desses novos dados de que a Dengvaxia só traz benefício para quem já teve dengue, a bula da vacina mudou em 2017 para atualizar essa recomendação.

Agora, para tomar Dengvaxia você tem que ter um exame de sangue comprovando que já teve contato com a dengue. E só pode tomar quem tem entre 6 e 45 anos, que é a faixa que teve segurança e eficácia comprovadas. Nessa faixa etária, o benefício de tomar a vacina compensa os possíveis riscos, principalmente porque pegar dengue sem estar vacinado é muito mais perigoso.

A Dengvaxia também não pode ser aplicada em gestantes, em quem está amamentando e imunossuprimidos, incluindo transplantados e quem está tratando algum câncer.

Muita gente que já tomou a Dengvaxia fica preocupado e até sem saber se está protegido ou não. Mas a Dengvaxia, é sim uma vacina eficaz.

Se você já tomou as 3 doses, está tudo certo. Você deu um estímulo para o seu sistema imune.

O principal para quem se vacinou antes de ter dengue pela primeira vez é ficar de olho nos sintomas de alerta. Procure atendimento médico ao primeiro sinal de sangramentos anormais, dor abdominal, sensação de desmaio ou vômito.

A Dengvaxia só está disponível em algumas farmácias e laboratórios da rede privada, no esquema de 3 doses. Ela não entrou no SUS por causa da dificuldade de aplicar 3 doses e por causa desse problema de ter que comprovar se você já teve dengue antes, pois isso torna o custo alto para o sistema de saúde.

Mas felizmente, essa não é a única vacina disponível.

Então, bora descobrir quais são as vantagens e desvantagens da Qdenga, a segunda vacina da dengue aprovada.

A Qdenga é a vacina da farmacêutica Takeda, aprovada no Brasil em 2023. Ela também usa a tecnologia de vírus atenuado, ou seja, vírus enfraquecidos que não causam doença.

Ao invés do vírus da febre amarela, a Qdenga tem o “esqueleto” do vírus dengue 2 carregando o material genético dos 4 vírus da dengue. Assim, ela tem 4 vírus da dengue dentro dela, simulando o dengue 1, dengue 2, dengue 3 e dengue 4.

Por mais que a tecnologia seja idêntica, só o fato de mudar o vírus base já muda a forma como nosso sistema imune responde à vacina.

A Qdenga é aplicada em 2 doses com intervalo de 3 meses entre elas. E a eficácia dela considerando qualquer vírus da dengue foi de 61% em estudos mais recentes. Ou seja, os vacinados têm um risco 61% menor de ter sintomas caso se infectem com o vírus em comparação com quem não tomou a vacina.

E o risco de internação diminui em 84%.

Então surge a dúvida: será que essa vacina gera o mesmo problema da Dengvaxia de disparar uma reação grave quando você contrai a dengue pela primeira vez?

Toda vez que surge um efeito colateral inesperado, ele mais um critério para a criação de vacinas futuras.

A partir daquele problema da Dengvaxia, qualquer nova candidata a vacina tem que vir com uma análise completa detalhando se ela causa o efeito colateral e a frequência deste.

Por questão de segurança, os voluntários que receberam a Qdenga na fase de testes foram acompanhados por 4 anos e meio para investigar exatamente esse efeito colateral.

Foi tempo suficiente para ter certeza de que ela não oferece risco para quem nunca teve dengue. Então, ela foi aprovada para a vacinação em larga escala pela Anvisa.

E quem pode tomar a Qdenga?

Quem tem entre 4 e 60 anos, que é a faixa etária incluída na bula e com aprovação da Anvisa.

Pode ser que essa indicação mude diante de novos estudos, mas em fevereiro de 2025, ainda não mudou.

Mas, e os idosos? Por que eles não foram incluídos nos estudos e por que a gente não libera a vacina pra eles, sendo que eles são uma das populações que mais sofrem os sintomas graves da dengue?

É porque como as vacinas usam vírus atenuados, ou seja, ele pode causar uma doença em pessoas com a imunidade debilitada. Para estas, o vírus não fica inativo, ele está simplesmente enfraquecido.

Se a pessoa não tiver uma boa imunidade, ela pode ter a doença ao tomar a vacina. Por este motivo, os estudos com idosos é mais complexo. O que exige maior controle e cálculos ainda mais precisos. Esta pesquisa ainda levará tempo para ser concluído.

Mas existe uma possibilidade de os idosos serem vacinados no Brasil; se você tem mais de 60 anos e quer se vacinar, procure o seu médico e se estiver tudo certo, peça um laudo que ateste uma imunidade saudável, de que você está em bom estado de saúde. Neste caso, o médico tem se responsabiliza pelo seu caso, já que essa aplicação não está prevista na bula.

E aí com esse laudo né, esse laudo médico, você vai até a farmácia ou à clínica e entrega a eles para que eles possam te vacinar. Se você tiver mais de 60 anos, essa é a única maneira neste momento de você tomar a Qdenga.

E atenção, ela está disponível no SUS, mas ela só está liberada de graça em algumas cidades que foram selecionadas porque tem uma alta transmissão de dengue, e para crianças de 10 a 14 anos, que são um outro grupo também que tem muitos casos graves como os idosos.

Essa foi uma das estratégias do Ministério da Saúde para compensar a falta de doses. Pode ser que no futuro eles ampliem, mas no momento como faltam doses, eles preferiram seguir dessa maneira

Então pra você se vacinar com Qdenga e não é uma pessoa de 10 a 14 anos, você tem que buscar na rede privada. Infelizmente é uma vacina não tão disponível.

E quem não pode tomar a Qdenga?

Aqui vale a mesma regra da Dengvaxia, não é indicada para gestantes, para quem está amamentando e para imunossuprimidos.

A única limitação da Qdenga é em relação à proteção contra Dengue 3 e 4. A eficácia dela contra o dengue 3 parece ser menor e a eficácia contra dengue 4 não pôde ser demonstrada nos estudos porque não houve casos suficientes desse sorotipo.

É um detalhe que os especialistas estão realmente atentos, já que o dengue 3 passou a circular mais a partir de 2024, principalmente nos estados do Amapá, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais.

Novos casos de dengue 4 devem acontecer nos locais onde a vacina foi testada.

A boa notícia é que nós sabemos que ela produz uma resposta imune contra todos os 4 vírus,

mas para determinar com exatidão essa eficácia, vai ser necessário mais tempo de estudos com mais pacientes. Ela é segura e eficaz para reduzir sintomas e diminuir os casos graves, mas tem suas limitações, assim como qualquer outra vacina.

Infelizmente a maior parte da população está de fora da vacinação pelo SUS. Além dos idosos e adultos, os agentes de endemia e os profissionais da saúde que estão na linha de frente também.

O laboratório Takeda, fabricante da Qdenga não tem estrutura suficiente para produzir mais doses, e ainda não há investimento suficientes para trazer a produção dessa vacina para o Brasil.

Agora, vamos falar sobre a vacina da dengue do Instituto Butantã.

Batizada de Butantã-DV, ela promete ser a primeira vacina de dose única contra a dengue do mundo.

Isso é ótimo do ponto de vista de saúde pública.

O que pouca gente sabe é que ela não é 100% brasileira, ela é fruto do desenvolvimento do Butantã em parceria com o NIH, o ministério da saúde do Estados Unidos e a farmacêutica americana Merck.

Por isso, o nosso Ministério da Saúde ainda teria que comprar doses da vacina pronta, caso ela seja aprovada. Ela foi criada usando a mesma tecnologia das outras já aprovadas.

A diferença é que ela usa os 4 sorotipos da dengue atenuados ao invés de um único vírus como base. Com essa estratégia, a vacina reduziu 67% o risco de as pessoas desenvolverem sintomas da dengue e reduziu em 89% o risco de dengue grave.

Essa é a eficácia, mas tem um detalhe parecido com o que aconteceu com a Qdenga não dá para garantir a mesma eficácia contra todos os vírus da dengue.

Na época das pesquisas, não apareceram casos de dengue 3 nem de dengue 4 para colocar a vacina à prova. Ela provavelmente gera alguma proteção contra eles, porque sabemos que ela produz os anticorpos. Mas o máximo que nós podemos afirmar é sua eficácia contra dengue 1 e dengue 2.

E do mesmo jeito que a Qdenga foi aprovada pelos testes de segurança a longo prazo, a Butantã-DV também.

Todos os participantes foram acompanhados por 2 anos para ver se esta aumenta o risco de dengue grave como o que ocorreu com a Dengvaxia.

Os dados da Butantã foram enviados para a Anvisa com o pedido de registro no dia 16 de dezembro de 2024.

No dia 28 de fevereiro de 2025, o governo brasileiro anunciou que a vacina do Butantã-DV só ficará disponível em 2026.

Infelizmente essa vacina não deve ser liberada para idosos tão cedo, já que os testes só incluíram participantes de até 59 anos. Eu sei o quão angustiante é ter uma pessoa idosa em casa desprotegida vendo todo ano estes surtos de dengue acontecendo.

Mas o problema é a tecnologia das vacinas que nós temos hoje. Todas que citamos usam vírus atenuados, e não é legal testar em idosos.

Considerando tudo isso, qual é realmente a melhor vacina contra a dengue: Dengvaxia, Qdenga ou Butantã-DV?

Será que vale a pena vacinar agora ou é melhor esperar a Butantã-DV ser aprovada?

Em 2025, de janeiro a 16 de fevereiro, o Brasil já teve quase 300 mil casos confirmados de dengue. Mesmo que a gente não tenha uma grande epidemia em 2025, como foi em 2024, a situação não está tranquila.

O número de casos é muito alto e já estamos em epidemia logo no início do ano.

Existe vacina contra a dengue desde 2015!

Distribuir a vacina de graça para a população deveria ser uma prioridade dos nossos governantes. Mas infelizmente não é isso que acontece, a dengue não é prioridade.

Então se você tem condições considerando que a dengue está espalhada pelo país inteiro e que é uma doença que pode até levar à morte, a melhor vacina é a que você pode tomar dentro das indicações da bula.

O Butantã anunciou o início da fabricação da vacina da dengue e prometeu fazer 1 milhão de doses até 2026.

Se você tem em casa uma criança de 10 à 14 anos que ainda não foi vacinada, procure o posto de saúde o mais rápido possível e ver se a Qdenga está disponível na minha cidade.

Ela é uma vacina muito segura e eficaz.

Se você pode pagar pela vacina particular, então escolha dependendo se você já contraiu ou não a dengue.

Se nunca teve dengue, então a Qdenga é a mais indicada. Ela custa em torno de $350 reais por dose. E é aplicada em 2 doses com um intervalo de 3 meses.

Caso você já tenha tido dengue, procure um médico e faça o exame comprovando que você já teve o contato com a doença. Em qualquer clínica particular, a dose da Dengvaxia custa cerca de $250 reais por dose. São 3 doses com intervalos de 6 meses.

E atenção!

Como Qdenga está faltando, não a substitua por Dengvaxia.

Se você não encontrar a vacina Qdenga de jeito nenhum, invista no que a gente já sabe que funciona contra a dengue a nível individual: repelente.

Quer saber tudo sobre repelentes e os melhores do mercado? Clique no link abaixo:

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Fotos: Shutterstock

 

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